Banco Central deve continuar escalada da Selic ante avanço da inflação

O Banco Central (BC) pretende voltar a aumentar a taxa Selic nesta quarta-feira (16), em um ponto percentual (a 11,75%), diante de uma inflação que não cede, segundo previsões do mercado.

Essa será a nona alta consecutiva da Selic desde o início do ciclo de ajuste monetário, há um ano, quando o BC deixou para trás o patamar histórico de 2% mantido por alguns meses para impulsionar a economia, castigada pela covid-19.

A decisão será anunciada ao fim da nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O movimento de um ponto percentual havia sido antecipado na reunião de fevereiro e está em linha com o esperado pelo mercado, segundo uma consulta do jornal “Valor Econômico” com quase uma centena de consultorias e instituições financeiras.

A taxa Selic ficou acima de dois dígitos no mês passado pela primeira vez desde julho de 2017. No entanto, autoridades monetárias previram para a reunião atual uma “redução do ritmo de ajuste”, apesar da “persistência inflacionária”, após aplicar três altas de 1,5 ponto percentual desde outubro.

A situação econômica piorou após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.

Mudança de cenário

Embora tenha mantido o consenso sobre a alta desta quarta-feira, em poucos dias o mercado elevou suas expectativas para este ano de 12,25% para 12,75% para a Selic, segundo a última pesquisa Focus do BC, que mostrou uma multiplicação das estimativas acima de 13%.

“O que a gente viu foi uma piora para a política monetária, ou seja, o consenso esperando um nível mais alto de inflação e da Selic como consequência do conflito militar, principalmente através da alta dos preços das commodities, que não foi totalmente compensada pela apreciação do real”, analisa Mauricio Oreng, superintendente de Estudos Macroeconômicos do Banco Santander Brasil.

A cotação do dólar caiu para cerca de cinco reais, mínima em meses, devido ao fluxo de capital estrangeiro para os mercados emergentes, atraído, principalmente, pelas altas taxas de juros.

Em fevereiro, a inflação registrou a marca mais alta para o segundo mês do ano desde 2015, atingindo 1,01% e acumulando 10,54% em 12 meses.

O quadro piorou na semana passada, quando o conflito na Ucrânia tornou-se palpável para os consumidores locais, com um forte aumento nos preços dos combustíveis em resposta à alta internacional dos preços do petróleo.

A última projeção do mercado para os preços no varejo em 2022 ficou em 6,45%, frente a 5,65% na semana anterior, afastando-se do teto de 5% da meta do BC.

Para Oreng, devido à mudança de cenário, o ciclo de ajuste monetário pode durar mais do que o esperado. Dessa forma, o Copom volta a enfrentar o desafio de conter a inflação e manter o crescimento.

A maior economia da América Latina superou no último trimestre uma breve recessão e fechou 2021 com uma expansão de 4,6%. Agora, as previsões são de um crescimento do PIB de 0,49% para 2022.

Fonte : Economia.UOL

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